Incontinência é a perda involuntária de urina da bexiga em situações impróprias. Distúrbio mais freqüente no sexo feminino, pode manifestar-se tanto na quinta ou sexta década de vida quanto em mulheres mais jovens. Entre mulheres de meia idade cerca de 60% apresentam algum grau de incontinência urinária.
Atribui-se essa prevalência ao fato de a mulher apresentar duas falhas naturais no assoalho pélvico: o hiato vaginal e o retal. Isso faz com que as estruturas musculares que dão sustentação aos órgãos pélvicos e produzem a contração da uretra sejam mais frágeis nas mulheres.
A perda involuntária de urina atua de forma devastadora na qualidade de vida da mulher. O restabelecimento da continência urinária promove melhora significante na qualidade de vida, bem como no convívio social e familiar.
Causas
A perda de urina pode ocorrer de forma transitória, geralmente associada ao uso de fármacos, a infecções (infecção urinária, vaginites), a constipação ou problemas de deficiência hormonal, ou pode ser persistente ou definitiva com instalação e piora progressiva.
Muitas mulheres tornam-se incontinentes após o parto, histerectomia (cirurgia para retirada do útero) ou mesmo outros traumas na região pélvica.
Entre os tipos mais comuns de perda de urina existe a incontinência urinária de esforço, que ocorre habitualmente na presença de tosse, espirro, riso, ou esforços físicos, porém pode haver incontinência urinária mesmo estando a paciente deitada ou ao levantar-se e deambular. Cerca de 20% das pacientes com incontinência urinária de esforço apresentam também uma atividade aumentada do músculo da bexiga (Bexiga hiperativa). Nesses casos sobrepõe-se às perdas urinárias por esforços, quadros de urgência miccional (vontade intensa de urinar).
A incontinência urinária de esforço pode encontrar-se, ou não, associada a cistocele (bexiga caída) e a outros prolapsos genitais.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, baseado em uma história detalhada, exame físico e muitas vezes na elaboração de um diário miccional onde eles devem registrar as características e freqüência da perda urinária.
O estudo urodinâmico é o principal método de diagnóstico complementar da incontinência urinária. Tem por princípio simular o ciclo de enchimento e esvaziamento vesical cotidiano.
Tratamento
O tratamento da incontinência urinária por esforço é basicamente cirúrgico, mas exercícios ajudam a reforçar a musculatura do assoalho pélvico. Atualmente, a cirurgia de Sling, em que se coloca um suporte para restabelecer e reforçar os ligamentos, é a técnica mais utilizada e a que produz melhores resultados : após cinco anos de seguimento são de 82% de cura.
Para a incontinência urinária de urgência, o tratamento é farmacológico e fisioterápico. O farmacológico pressupõe o uso ininterrupto de várias drogas. Esses remédios provocam efeitos colaterais, como boca seca, obstipação e rubor facial.
Independente do tratamento escolhido medidas gerais devem ser tomadas, tais como:
Perder peso.
Parar de fumar para diminuir a tosse crônica.
Restrição de alimentos ricos em cafeína, refrigerantes e condimentos
Tratar a constipação.
Fisioterapia de exercícios para o assoalho pélvico e/ou uso de cones vaginais com pesos diferentes
Uso de eletro-estimuladores
Recomendações
• Procure um médico para diagnóstico e identificação da causa e do tipo de perda urinária que você apresenta;
• Não pense que incontinência urinária é um mal inevitável na vida das mulheres depois dos 50 anos. Se o distúrbio for tratado como deve, a qualidade de vida melhorará muito;
• Considere os fatores que levam á incontinência urinária e tente contorná-los. Às vezes, a perda de urina é mais um problema social do que físico;
• Evitar a obesidade e o sedentarismo, controlar o ganho de peso durante a gestação, praticar exercícios fisioterápicos são medidas que podem ser úteis na prevenção da incontinência urinária.
Fonte: Dra. Maristela Vargas